O problema da obstipação

A obstipação, também designada de prisão de ventre, é uma situação caracteriza por retenção de fezes no cólon além do tempo normal de esvaziamento, resultando em reduzidas evacuações e em alguns dos seguintes sintomas, que afetam a qualidade de vida:
- Esforço para evacuar;
- Fezes secas, duras e/ou fragmentadas;
- Sensação de evacuação incompleta;
- Sensação de obstrução;
- Sensação persistente de desconforto e dor no abdómen.
Quando não é devidamente tratada, a obstipação pode causar hemorroidas, incontinência fecal ou acumulação de fezes secas e duras no reto que causa obstrução.
Quase todas as pessoas já passaram por períodos de prisão de ventre, na maior parte dos casos temporária e sem gravidade. Este problema afeta pessoas de todas as idades, sendo mais prevalente em idosos, em mulheres e acamados, podendo ser provocado por vários fatores:
- Alimentação inadequada, com ingestão insuficiente de líquidos e/ou fibras;
- Irregularidades do trânsito intestinal ou por ignorar repetidamente a vontade de defecar;
- Stress;
- Sedentarismo;
- Algumas doenças (neurológicas ou metabólicas) ou condições como a gravidez;
- Alguns medicamentos (ex. antidepressivos).
Algumas boas práticas para a prevenção, tratamento e minimização de sintomas associados a obstipação, passam por melhorar a dieta, aumentando o consumo de líquidos e de fontes de fibras, criar hábitos regulares de evacuação e praticar exercício físico regularmente.
A abordagem terapêutica deve começar por modificações no estilo de vida, incluindo até, se necessário, a suplementação rica em fibra. Se a situação for urgente e prolongada no tempo, a abordagem pode passar pela utilização de laxantes naturais, mas se ainda assim não forem obtidos resultados positivos, pode ser necessária a utilização de fármacos (laxantes, procinéticos e agentes secretores) ou outro tipo de tratamento médico.
Os produtos laxantes contêm substâncias com capacidades irritantes e/ou estimulantes, dependendo do seu mecanismo de ação, provocando contrações intestinais e promovendo a defecação. São usados geralmente em situações de SOS, quando uma situação de obstipação já se arrasta durante alguns dias.
Não se deve recorrer a este tipo de produtos, sejam eles químicos ou naturais, de forma regular e continuada, já que podem causar dependência, fazendo com que o intestino se torne preguiçoso e passe apenas a funcionar quando se utilizam laxantes.
Laxantes naturais
Os laxantes naturais são produtos à base de ingredientes naturais ou até alimentos que melhoram o trânsito intestinal, prevenindo a prisão de ventre e promovendo a saúde do intestino.
Conheça alguns ingredientes com capacidades laxantes:
PSÍLIO
O Psyllium husk, é uma fibra natural, que forma um gel quando hidratado. Tem a capacidade de reter água no intestino delgado, e assim, aumentar a água que flui para o cólon, levando ao amolecimento das fezes, a melhorias do trânsito intestinal e, consequentemente, ao alívio de sintomas de obstipação. De forma geral, pode dizer-se que o psílio apresenta um efeito "normalizador das fezes", pois além de suavizar as fezes duras na obstipação, também normaliza a forma das fezes na diarreia, além de reduzir os sintomas na síndrome do cólon irritável. Além disto, tem um grande potencial prebiótico, já que pode ser usado como fonte de energia pela microbiota intestinal, favorecendo o crescimento de bactérias benéficas.
SENE
Os senósidos A e B são os principais responsáveis pelo efeito laxante do Sene. Após ingestão da planta, eles chegam ao intestino grosso sem serem digeridos e são hidrolisados pela flora bacteriana, dando origem a metabolitos farmacologicamente ativos que permanecem como partículas discretas intactas ao longo do cólon. Vão produzir um efeito de irritação mecânica da mucosa e assim estimular a secreção de água e de muco, resultando em aceleração do trânsito no cólon. Consequentemente a absorção de líquidos pelo intestino diminui, o que leva ao aumento do volume, que irá estimular a motilidade do cólon e levar à expulsão das fezes.
Portanto, estes metabolitos atuam tanto ao nível da secreção, como da motilidade e o resultado é o estímulo do peristaltismo no cólon. Por este motivo, o Sene é considerado um laxante estimulante.
TAMARINDO
O fruto do Tamarindeiro tem sido utilizado como laxante na medicina tradicional devido ao seu elevado teor de ácido málico, ácido tartárico e potássio.
Por outro lado, a semente do Tamarindo é rica em polissacarídeos, com capacidades prebióticas, sendo capazes de modificar a composição da microbiota intestinal e apresentar benefícios para a saúde do hospedeiro.
BODELHA
A Bodelha é uma alga marinha castanha cujo interesse tem crescido nos últimos anos. Apresenta alto teor em fibras alimentares, polissacarídeos não-digeríveis, e polifenóis que lhe conferem benefícios para a saúde humana.
Esta alga sintetiza várias moléculas bioativas, sendo uma delas um polissacarídeo sulfatado conhecido como fucoidano, com propriedades anti-inflamatórias. Além do ácido algínico que induz sensação de satisfação gástrica, atua como protetor das mucosas digestivas, regulariza a função intestinal e favorece o crescimento de bactérias benéficas no trato gastrointestinal.